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Foto do escritorRODRIGO BEZERRA DA SILVA

Funções morfossintáticas da palavra “SE”


Funções do SE


Mais uma vez, vamos nos deparar com um vocábulo bastante “largo” em nossa língua, pois possui inúmeras funções morfológicas e sintáticas. Vejamos:


1)   Pronome apassivador à associado a um verbo transitivo direto ou a um verbo transitivo direto e indireto, forma a voz passiva sintética (também chamada de pronominal). Neste caso, o “se” é chamado de “partícula (ou pronome) apassivador ou apassivante”. Veja:


*  Ali não se alugavam outras coisas, senão roupas de frio.


2) Índice de indeterminação do sujeito à quando está associado a verbos intransitivos, transitivos indiretos ou relacionais (verbos de ligação). Vejamos alguns exemplos:


*  De fato, não se devem assistir a filmes que atentem contra os bons costumes.


3) Sujeito de verbos no infinitivo à é um caso raro; o “se” funciona como o sujeito de um infinitivo que é núcleo de uma oração reduzida. Veja:


*  O cego deixava-se levar por seu guia.

*  “E ele deixou-se estar a contemplá-la, mudo e tranquilo, como um faquir.” (Machado de Assis)


Observação:


Este caso (pronome átono em função subjetiva – como sujeito) só ocorre com o infinitivo dependente de verbos causativos e sensitivos como “deixar, mandar, fazer, ver, ouvir”, embora alguns gramáticos de renome, como o professor Silveira Bueno, não aceitem a existência de um “se” na função de sujeito.


4) Partícula expletiva ou de realce à ocorre como mero elemento de realce. Neste caso, pode ser retirado da estrutura sem prejuízo gramatical.


*  Ele está ansioso por amigo que se demora.

*  Já se passaram tantas horas, e ele não dá notícias.


5) Parte integrante de verbos essencialmente pronominais à neste caso, o “se” não apresentará função sintática.


*  Todos se arrependeram dos atos praticados durante a festa.

*  Elas ainda se lembram de todos os fatos em seus mínimos detalhes.



6) Pronome reflexivo, objeto direto à função bastante comum exercida pelo pronome “se”. Neste caso, o “se” indica a reflexibilidade da ação, pois a ação recai sobre o sujeito, enunciado agora no pronome reflexivo “se”. 


*  Hitler se matou quando não mais viu possibilidade de implementar suas ações.

*  Ao ouvir os tiros, todos se esconderam nas proximidades do morro.



Observação:


Convém citar preciosa lição colhida do insigne mestre Eduardo Carlos Pereira: “Para que haja voz reflexiva, expressa pelo pronome ‘se’, é indispensável que o núcleo do sujeito seja um substantivo que nomeie um ser capaz de agir: – Ele se feriu.”


7) Pronome reflexivo, objeto indireto à função não muito comum, já que o “se” frequentemente exerce a função reflexiva como “objeto direto”. Em tais construções, o “objeto direto” sempre vem claro na estrutura e se percebe nitidamente o “se” reflexivo funcionando como dativo, isto é, como objeto indireto.


*  Ele arroga-se o direto de trocar a mercadoria além do prazo legal.


8) Pronome reflexivo recíproco (morfologicamente), objeto direto à neste caso, o “se” equivalerá a “um ao outro, uma à outra”. 


*  Após o casamento, os noivos se abraçaram longamente.


9) Pronome reflexivo recíproco (morfologicamente), objeto indireto.


*  Os noivos deram-se as mãos para o início da cerimônia.


10) Conjunção subordinativa condicional à quando introduz orações subordinadas condicionais.


*  Se ele fosse conosco, as coisas seriam mais fáceis.



11) Conjunção subordinativa integrante à introduz orações substantivas que traduzem ideia de hipótese, dúvida, incerteza.


*  Até agora não sabemos se eles virão ou não.


12) Conjunção subordinativa causal à empregada em raras construções com o sentido de “já que, visto que”.

*  Se sabias que eu não tinha condições para a missão, por que me enviaste?


 

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