Mais uma vez, estamos diante de uma particularidade da nossa língua bastante cobrada em concursos públicos. Logo, é preciso estudar mais de uma vez. Vamos às orientações...
1. Como já dissemos no capítulo sobre o emprego dos pronomes relativos preposicionados, o relativo “ONDE” é denominado de “pronome relativo locativo”, pois só deve ser empregado em substituição a um lugar. Equivale a “em que” e variações – no qual, na qual, nos quais, nas quais. Observe (sublinhamos o antecedente do relativo “onde”):
(em que, na qual)
* Dirigimo-nos à casa da D. Francisca, onde encontramos um grupo de mulheres em oração.
* Em São Paulo, há uma cafeteria onde se acham excelentes cafés importados.
(em que, na qual)
* Nossos projetos de vida dependem muito do futuro do país onde vivemos.
(em que, no qual)
Observação importante:
Estendem-se à noção de lugar os sentidos de “posição, situação, classe, parte de um livro ou obra, espaço ocupado, localidade, região”. Por isso, são corretos também os seguintes empregos do relativo “onde”:
* Fizemos o resumo do segundo parágrafo deste capítulo, onde havia bons exemplos de cidadania.
* Chegamos à parte final do continente, onde já encontramos grandes icebergs.
2. Em muitas situações, o relativo “ONDE” é empregado sem antecedente explícito, isto é, seu antecedente estará latente, oculto. Neste caso, equivalerá a “em que lugar, no lugar em que”. Veja:
* Sempre há boas pessoas onde a gente menos espera.
no lugar em que
* Não sabemos onde ele se encontra agora.
em que lugar
* Onde você mora? Onde você foi morar?
em que lugar
Observação:
Mesmo sem antecedente expresso, o “onde” só é empregado em situações que indicam lugar.
3. Emprega-se “AONDE” – regido por um nexo prepositivo – quando houver um verbo ou um nome que requeira a preposição “a”. Geralmente, equivale a “para onde”. Perceba:
* Nós iremos contigo ao lugar a que tu quiseres ir. à Nós iremos contigo ao lugar aonde quiseres ir. ir “a”
* Por favor, aonde eu posso me dirigir para obter informações?
dirigir-se “a”
* Vocês pretendem chegar aonde com tais indagações?
chegar “a”
Observações essenciais sobre o emprego de “onde” e de “aonde”:
a) A maioria das nossas dificuldades vem do fato de, em nosso dia a dia, cometermos muitos erros no que diz respeito ao emprego do “aonde” em lugar do “onde” e vice-versa.
Vejamos alguns desses problemas:
* Maria, você sabe aonde eu deixei meus óculos? (construção incorreta)
Quem deixa, deixa algo EM algum lugar.
è Logo... “Maria, você sabe ONDE eu deixei meus óculos?”.
b) É preciso ter muito cuidado com o emprego do ONDE, pois, como sabemos, ele só deve ser usado para expressar uma noção de lugar. Portanto, para o padrão formal, é inadmissível o emprego do “ONDE” para relações que não sejam de lugar. Observe:
A relação que se transmite é a de posse.
* O Clube dos Oficiais, onde o diretor é João da Costa, passará por uma reforma. (Emprego inadequado)
Correção: O Clube dos Oficiais, cujo diretor é João da Costa, passará por uma reforma.
A relação que se transmite é a de tempo.
* Em 1980, onde o presidente era João Batista Figueiredo, a inflação era galopante. (Emprego inadequado)
Correção: Em 1980, quando o presidente era João Batista Figueiredo, a inflação era galopante.
A relação que se transmite é a de posse.
c) Como já mencionamos, o relativo “onde” – à semelhança do “aonde” – pode vir antecedido por preposições. Lembre-se, entretanto, que o emprego de “aonde” implica a não existência de qualquer outra preposição antes dele. Observe:
* Sem eles, não teríamos de onde sair, nem para onde nos projetar.
* Sem nossa história e nosso passado, não teríamos por onde começar, nem espaço para nos expandirmos.
Fonte: Nova gramática da língua portuguesa (adaptado)
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