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Foto do escritorRODRIGO BEZERRA DA SILVA

Emprego de “onde” e “aonde”





Mais uma vez, estamos diante de uma particularidade da nossa língua bastante cobrada em concursos públicos. Logo, é preciso estudar mais de uma vez. Vamos às orientações...


1. Como já dissemos no capítulo sobre o emprego dos pronomes relativos preposicionados, o relativo “ONDE” é denominado de “pronome relativo locativo”, pois só deve ser empregado em substituição a um lugar. Equivale a “em que” e variações – no qual, na qual, nos quais, nas quais. Observe (sublinhamos o antecedente do relativo “onde”):


                                                       (em que, na qual)

*  Dirigimo-nos à casa da D. Francisca, onde encontramos um grupo de mulheres em oração.


*  Em São Paulo, há uma cafeteria onde se acham excelentes cafés importados.

                                                        (em que, na qual)


*  Nossos projetos de vida dependem muito do futuro do país onde vivemos.

                                                                                       (em que, no qual)


Observação importante:


Estendem-se à noção de lugar os sentidos de “posição, situação, classe, parte de um livro ou obra, espaço ocupado, localidade, região”. Por isso, são corretos também os seguintes empregos do relativo “onde”:


*  Fizemos o resumo do segundo parágrafo deste capítulo, onde havia bons exemplos de cidadania.

*  Chegamos à parte final do continente, onde já encontramos grandes icebergs.


2. Em muitas situações, o relativo “ONDE” é empregado sem antecedente explícito, isto é, seu antecedente estará latente, oculto. Neste caso, equivalerá a “em que lugar, no lugar em que”. Veja:

 

*  Sempre há boas pessoas onde a gente menos espera.

                                       no lugar em que


*  Não sabemos onde ele se encontra agora.

                            em que lugar

*  Onde você mora? Onde você foi morar?

       em que lugar


Observação:


Mesmo sem antecedente expresso, o “onde” só é empregado em situações que indicam lugar.


3. Emprega-se “AONDE” – regido por um nexo prepositivo – quando houver um verbo ou um nome que requeira a preposição “a”. Geralmente, equivale a “para onde”. Perceba:


*  Nós iremos contigo ao lugar a que tu quiseres ir. à Nós iremos contigo ao lugar aonde quiseres ir.                   ir “a”


*  Por favor, aonde eu posso me dirigir para obter informações?

                                          dirigir-se “a”


*  Vocês pretendem chegar aonde com tais indagações?

                                           chegar “a”


Observações essenciais sobre o emprego de “onde” e de “aonde”:


a) A maioria das nossas dificuldades vem do fato de, em nosso dia a dia, cometermos muitos erros no que diz respeito ao emprego do “aonde” em lugar do “onde” e vice-versa.

Vejamos alguns desses problemas:

 

*  Maria, você sabe aonde eu deixei meus óculos? (construção incorreta)

                   Quem deixa, deixa algo EM algum lugar.

è Logo... “Maria, você sabe ONDE eu deixei meus óculos?”.


b) É preciso ter muito cuidado com o emprego do ONDE, pois, como sabemos, ele só deve ser usado para expressar uma noção de lugar. Portanto, para o padrão formal, é inadmissível o emprego do “ONDE” para relações que não sejam de lugar. Observe:


                             A relação que se transmite é a de posse.

*  O Clube dos Oficiais, onde o diretor é João da Costa, passará por uma reforma. (Emprego inadequado)


Correção: O Clube dos Oficiais, cujo diretor é João da Costa, passará por uma reforma.

 A relação que se transmite é a de tempo.


*  Em 1980, onde o presidente era João Batista Figueiredo, a inflação era galopante. (Emprego inadequado)


Correção: Em 1980, quando o presidente era João Batista Figueiredo, a inflação era galopante.

                         A relação que se transmite é a de posse.


c) Como já mencionamos, o relativo “onde” – à semelhança do “aonde” – pode vir antecedido por preposições. Lembre-se, entretanto, que o emprego de “aonde” implica a não existência de qualquer outra preposição antes dele. Observe:


*  Sem eles, não teríamos de onde sair, nem para onde nos projetar.


*  Sem nossa história e nosso passado, não teríamos por onde começar, nem espaço para nos expandirmos.


Fonte: Nova gramática da língua portuguesa (adaptado)

 

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